quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vozes D'África - Castro Alves

Análise da obra "Os Escravos"

Castro Alves não foi o primeiro poeta romântico a tratar do tema da escravidão, mas nenhum outro se engajou tão veementemente à causa social e humanitária do abolicionismo quanto ele. Em seus versos, procurou ressaltar as implicações humanas da escravatura, adequando a sua eloqüência condoreira à luta abolicionista. Retratou o escravo de modo romanticamente trágico, tentando despertar a sociedade – depois de três séculos de escravidão – para o que havia de mais desumano nesse regime. O maior exemplo desse retrato está em "A Cachoeira de Paulo Afonso", longo poema narrativo, escrito em 1870, pintado com fortes cores dramáticas, que conta a história de amor de dois escravos.


1.Condoreirismo

Castro Alves foi o principal e mais popular representante do estilo romântico que predominou na poesia brasileira entre 1850 e 1870, denominado condoreiro por Capistrano de Abreu (1853-1927). É caracterizado por uma poesia retórica, em que se destacam os temas sociais e políticos, principalmente a defesa da abolição da escravatura e a apologia da República. De teor declamativo e pendor social, um dos símbolos mais freqüentes do condoreirismo é a imagem do condor dos Andes – ave que representa a liberdade da América –, o que sugeriu a Capistrano de Abreu a denominação dada ao estilo.
• Para lembrar:
Os poetas condoreiros foram influenciados diretamente pela poesia social de Victor Hugo – o condoreirismo é o hugoanismo brasileiro.

2. Ênfase social

Diferentemente dos seus predecessores, como Junqueira Freire e Álvares de Azevedo, Castro Alves projeta o drama interior do escritor (o eu), sua intensa contradição psicológica, sobre o mundo. Enquanto, para a geração anterior, o conflito faz o escritor voltar-se sobre si mesmo, pois a desarmonia é resultado das lutas internas (ultra-romantismo), para Castro Alves, são as lutas externas – do homem contra a sociedade, do oprimido contra o opressor – que provocam essa desarmonia. É outro modo de representar o conflito entre o Bem e o Mal, tão prezado pelos românticos. A poética deve, portanto, identificar-se profundamente com o ritmo da vida social e expressar o processo de busca da humanidade por redenção, justiça e liberdade.
• Para lembrar:
O poeta "condoreiro" tem um papel messiânico e afinado com seu momento histórico. Esse comprometimento faz a poesia se aproximar do discurso, incorporando a ênfase oratória e a eloqüência.
Nos poemas de Os Escravos, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloqüente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma idéia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a idéia do poema. Os versos devem ressoar e traduzir o constante movimento de forças antagônicas.

[Daí pra frente, há uma grande análise do poema "Navio Negreiro"]




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Carol Toledo

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